Agarro as palavras, soltas no ar, quando dançam em cornucópias de sentires… e faço-as minhas!
Pinto-as… bordo-lhes sons e visto-as de histórias. Às vezes tenho q as deixar adormecer no meu colo para q saibam ser pequeninas. Outras vezes encosto-as apenas ao peito e ensino-as a crescer. Nem sempre querem. Têm medo! Nessas alturas tenho q as olhar bem de frente, nos olhos, e, beijá-las… É um beijo doce. Ensalivo-as… Aprendem a sorver desse beijo o mel e a ternura, mantos-leme da vida.
Depois, fecho os olhos ao tempo q as afago e permito-lhes viajar em mim. Sinto-as percorrerem-me as veias na busca incessante de trilhos que eu própria desconheço! Sei-as no esventrar de cada recanto do q sou e no emergir de cada poro da minha pele. Deixo-as livres em mim! Procuram vestígios de imagens que invento, cenas de histórias q sonho, desejos a germinar das sementes q ingiro, sombras de momentos de mim…
Sei q sentem necessidade absoluta de uma qualquer prova da evidência do q transmitem quando depositam na minha saliva um trago intenso de suor e desânimo.
É então que as chamo às palmas das minhas mãos e lhes digo calmamente que o meu corpo n é o local certo para as suas buscas. Todas as provas… qualquer vestígio das histórias com q as visto estão apenas naquele cantinho da minha alma onde mora a imaginação…
Entendem, finalmente, como podem dançar nas pontas dos meus dedos. Basta-lhes fechar os olhos, como eu, e abrir a gaveta da alma onde habitam as palavras imaginadas, suas irmãs, e dar-lhes as mãos como se asas fossem… e voar!
Das pontas dos meus dedos saltam como se de trampolins e, em cornucópias de sentires conscientemente imaginados, crescem em coreografias de danças mágicas. Felizes, sentem o palco nos olhos de quem as lê e as palmas nos beijos e nas lágrimas que por aqui ficam…
Nos meus lábios aprenderam a semear sorrisos quando regressam cansadas e me adormecem no colo!
Cris (Do jardim da minha alma)