Não quero mais sentir as arestas do silêncio... ferem-me a alma e cravam-se-me na pele...
Desafio-te ao duelo da palavra... sem gumes e sem reservas!
Desamarra-te dos medos e olha os meus lábios... mergulha nos gestos que lhes adivinhares e permite-te sentir-lhes o sumo das palavras...
Guardarei no céu da minha boca o som ensalivado do verbo que anseias afagar nos teus ouvidos... apagaste o tempo com o silêncio.
Talvez consigas aprender a ler a alma se souberes melodiar os lábios, mas terás que aceitar este duelo...
Permaneci no longe, aquietada na sombra da saudade, a observar-te... Sei de ti... sei da sede dos teus lábios e da loucura q percorre as pontas dos teus dedos... sei do soluço q te prende todos os gritos que moram em ti... mas tb sei dos teus medos!... E por isso te desafio agora...
Abre as tuas mãos e deita-te nelas... sente-lhes o sabor do vazio e da saudade... E abandona-te, amorfo de vontade, no remoínho que nasce delas... mas fá-lo apenas se é assim que queres viver a eternidade...
Eu... permaneço aqui... rasgarei o tempo se for preciso... mas saberei sempre sorrir pq nunca aceitei o silêncio por verdade... e nunca fugi ao som da palavra...
Desafio-te? Sim... assim mo pede a saudade!
Cris (Nas Arestas do Silêncio)