foto: Cristina Fidalgo
às vezes penso que existo nos intervalos do tempo
lá no lugar em que o lamento persiste
sou talvez já só o grito que sufoco
no pouco de mim que por vezes encontro
ou até o fio de vento
que me gela o peito
quando quero tanto fugir daqui
é então que olho para estas mãos
tão cheias do longe e da distância
e sinto as tuas ainda nelas
e o teu sabor a permanência
é assim que sei lembrar o caminhar dos teus lábios
no que de mim se transforma em lava
vermelho intenso dos meus sonhos e do meu ser
e é assim que eu sei, meu amor
encontrar o teu sorrir
no mais pequeno dos entardeceres...
Cris ( Dos meus lábios nasce a noite)