sexta-feira, julho 18, 2008

No adormecer dos teus dias...





Há no adormecer dos teus dias um sussurro mágico, que vai além do encantamento, que me inebria e mantém inerte, ao sabor da vontade das íris extasiadas...
Olho-te para lá da distância e do recorte da solidão q transpiras... e respiro-te. Emprenho de ti o sal da vida e o ondular dos dias. Empresto-te as palavras para q possas vestir o voo das gaivotas de poesia e, em troca, ofereces-me a beleza dos flamingos em bando, rosando assim os meus sonhos , agora plenos de bailados graciosos e tranquilos.
Não me canso de te olhar no adormecer dos dias. De te olhar e de te sorrir...

Sabes-me a restos de infância e ao desabrochar dos sentidos... em ti deposito as pétalas de malmequeres desfolhados no seio da ânsia de viver , as lágrimas cristalizadas de mel desperdiçado em desgostos gaiatos e agora tão distantes, e aqueles sorrisos que transbordavam do peito nas horas das fogueiras a crepitar por trás dos acordes de uma qualquer guitarra perdida nos braços da lua...

Sonho-te ainda no adormecer dos dias, embalada pelo som dos beijos com sabor a fim do mar e a camarinhas... e sei-te minha cúmplice no relembrar dos pés descalços, gravados ao correr das tuas margens...

Olhar-te em silêncio no fundo dos meus versos é saber-te permanência naquele pedaço de alma que escolhi para guardar em mim a magia do adormecer dos dias no teu regaço, berço da lua...


Cris (Paisagens q não sei pintar)

sábado, julho 12, 2008

amanhecer...





Das tuas mãos nascem madrugadas
de sonhos, e sementes de alvoradas

Há marés de vontade nos teus olhos
e na tua língua o jejum de um dia santo
que conhece seu quebranto
no mais profundo de mim

Ahhh... e há sinais de sorrisos
nas pregas da tua pele
mel q em ti deposito assim
ao roçar de leve os teus lábios...


Cris (Dos meus lábios nasce a noite)

quinta-feira, julho 03, 2008

Kids...





Filhos do silêncio e da amargura
da loucura, do desprezo e da ignorância
tantas vezes frutos amargos
da inocência e da aventura

Pedaços de lama vestidos de vergonha
caras lavadas somente nas lágrimas
de uma mão estendida e esfomeada
que não se atreve a tocar ninguém
como se fora doença ou peçonha
que se escuda do insulto e do desdém

Olhares vivos e ferventes
disfarçados de cansaços e de ausências
sorrisos ricos mas mendigos
de um pingo de leite ou de simples pena
carícia em tons de pão onde o sonho é a manteiga
e o "LÓ" seria o paraíso

Filhos de ninguém e nem do mundo
para quem o cartão se chama leito
e no peito guardam o q têm de mais seu e mais perfeito
um pedaço de músculo que alguém lhes deu
e que luta sem salário e sem refreios
pelo nome que teima em não perder
pois que lho deram de graça: "coração"
e não a "pedra" com que se começa a parecer

Se estes filhos tivessem mães e regaços
em vez de pedras de chão por abraços
Saberiam talvez ainda assim a cor da fome
mas saberiam sempre que eram gente
em vez de ratos...


Cris ( Ecos...)