Foto: Cristina Fidalgo
nascem papoilas no meu peito
sempre que deito a cabeça no teu colo
e em jeito de filha perdida na distância
te digo das saudades que sinto do modo
como me abraçaste e te-me deste
nesse teu amor tão puro e tão meigo
deste-te-me no falar das tuas gentes
no calor desse teu sorriso lento e quente
no vagar desse teu jeito de amar
tão verdadeiro e transparente
que me fez amar-te tão prontamente
como se de ti fosse nascida
deste-te-me no respirar fresco do teu pão
no aroma dos teus verdes dos montes amarelos
nos teus pores do sol com cheiro de café com leite
e no macio do azeite feito templo do coração
deste-te-me nos amigos que me ofereceste
e nos sorrisos deles que plantaste nos sorrisos que são meus
nos gestos que deles me gravaste na alma
e na calma que me ensinaste a deixar germinar
no que de mim não se acalma de saudade
desse meu Alentejo das papoilas
que nascem e esvoaçam no meu peito
Cristina Fidalgo (Do jardim da minha alma)