quinta-feira, dezembro 28, 2006


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Há noites assim como esta em q me deito em notas soltas no ar, vazia de palavras e de mágoas...
Noites em que n sei se quero sonhar-te ou apenas existir...
Respiro... e a cada trago de ar q inspiro sei q o meu corpo ainda vive e q nele permaneço... mas o respirar n chega para sentir vida em mim!
Não, n estou triste, apenas vazia!
Hoje n me sabe o sorriso a estrelas, nem a ternura a mel... Não me apetece procurar no éter o aroma da tua pele, nem procuro nas pontas dos meus dedos o sabor dos teus...
Nos meus braços n mora hoje a saudade do aconchego de outros braços entrelaçados...
Talvez tudo isto seja apenas porque há noites assim...
Noites em q a mim própria me basto e em q n necessito prolongar-me para além do q sou... noites em q n quero q me completes.
Mas n estou triste... apenas vazia!
Estranhas... sei q sim... mas acredita, meu amor, que não deixei de te amar...
Amo-te, hoje, apenas de uma forma mais egoista... amo-te, hoje, apenas depois de mim! Não porque goste desta forma de amar...
Simplesmente e apenas porque há noites assim como esta!
Cris, in Momentos que não quero

segunda-feira, dezembro 11, 2006

quando...


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quando as palavras são o teu olhar
profundo... que trespassa o fundo
do fundo da minha alma
quando os sonhos são as pontas dos teus dedos
calmos... na suavidade da minha pele
macia e no avesso dos meus segredos
quando és momento eterno na fugacidade de um beijo
que te peço na privação das palavras que morrem
no berço dos meus desejos
quando sabes os meus medos no sabor da saliva
doce que bebes dos meus lábios
esquecidos nos teus soltos em mim...
eu já não sou mais que um pedaço de vida
perdida em ti!...
Cris, in Do Silêncio e da Pele...

terça-feira, outubro 31, 2006

velando...

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dormes...
e eu velo esse teu dormir
com a intensidade de quem sente as ondas do mar
no respirar dos teus sonhos

e por sobre os teus lábios nasço em rio
e em vagas de beijos crio marés de ternuras

e enlaço-te-me no restolho dos desejos
que me viajam nas veias
e norteiam as pontas dos meus dedos
agora tímidos e mansos e cansados...
...porque adormecidos nesses teus sonhos.

dormes...
mutilas assim em mim a ânsia
de ser o luar dessa tua noite mágica
em que me deito e descanso...

pudesse esta noite ser eterna
e nela depositar a fugacidade de um beijo
que te dou a cada pedaço de olhar
que os meus olhos te resgatam

pudesse esta noite ser o perpetuar
dos sorrisos que adivinho na leveza dos gestos
com que embalas este meu velar
dos teus sonhos vadios

fosse esta noite a última noite das noites
e eu nem o mais pequeno gesto faria
que agitasse esse teu sorriso ameno
que pressinto no teu rosto...

enquanto dormes...

Cris, reflexos de nós

quarta-feira, outubro 04, 2006

A tempestade e a bonança...


Lá fora o vento uiva
E o alarme de um carro
Ouve-se, desesperado,
Num lamento...
Num simples grito
Da criança
Do apartamento ao lado
Soa o medo
Que vive em segredo,
Mas disfarça numa birra...

Aqui, no meu quarto,
Enrosco-me nas palavras
Que te escrevo,
Enquanto, lá fora,
Se faz sentir o vento...

Lembro os Invernos da infância,
Cheios de noites de lamento
Quando, ao longe,
Além do mar, ouvia o vento
Lutando com as ondas
E o medo, das almas
Que seguiam naquele barco...
Os homens das mulheres
Que em pranto farto
Prometiam caminhar
Por sobre o asfalto
Em troca da chegada
Sã e salva...

E o dia amanhecia calmo...
Os homens estavam a salvo
E na igreja lia-se o salmo
Em que se fala de tempestade
E de bonança...
Na lembrança, apenas o calo
Das mãos que cheias de esperança
Haviam ganho a luta
De um barco
Contra mar e vento...

Na areia jaziam as marcas
Da espera da noite
E do tempo...

É bom lembrar...

O alarme do carro
Continua o seu lamento...
Lá fora ainda o vento...
Mas a criança parou de chorar!
Cris in Sem Distâncias

sábado, setembro 30, 2006



Esta é a noite das cascatas consentidas... a noite em que cerro as pálpebras e te consumo o sorriso, guardado simplesmente nas memórias q não deixo que o tempo apague de mim!

Esta é a hora em que me aconchego no que de ti deixaste na minha alma, e me deixo adormecer no relembrar dos tempos em q a tua voz ainda soava nos sussurros brandos da vida e os teus braços ainda eram matéria e sentidos...

Não te pergunto a razão da partida, nem te censuro a desistência de ser... apenas me consome a angústia de não teres esperado que te desse um último beijo, ou te pegasse na mão nesse momento...

Dói-me a tua ausência... e não sei deixar-te partir de mim... Talvez por isso te deixe as minhas lágrimas nas pétalas das flores que te ofereço... São os únicos beijos que ainda te posso dar... os únicos que conseguem atravessar a terra que te serve de manto, e que chegam até ao que resta de ti!

Depois... olho-te naquele reflexo gelado do que eras e onde o teu sorriso permanece eternamente estático, olho o céu ... e sorrio-te! E sei que, onde quer q estejas, sentes o quanto eu sinto a tua falta!

Um beijo, pai!

Cris, in Conversas contigo... depois!

terça-feira, setembro 26, 2006

Deus fugiu!


pi Posted by Picasa

Há vozes perdidas na noite, que não se encontram.
Vozes que quebram barreiras e ecoam
No pensamento, como se fossem fileiras,
Em guarda ao momento em que os sonhos acordam
E os braços se transformam em reflexos dessas vozes,
Perdendo-se no roçar dos corpos...

Vagueiam os mortos por sobre a mente plana
Da dama de um qualquer quadro de um falso pintor.
Ama, a dama, vazia de amores, arco-íris em chama, mas sem calor...
Cruzam-se as almas no vazio do espaço,
Ocultam sorrisos e vomitam cansaços
Inebriantes de dor e de desânimo...
E consomem odores amargos e adormecidos
De demónios arquejantes e enfurecidos,
Restos de anjos perdidos pela ausência de sorrisos.

É um quadro parado, surrealismo abafado,
Onde as asas balouçam no pêndulo do Tempo
E os corpos desnudos se espalham e escorregam
Na incerteza dos degraus do espaço.
Em seu redor há frutos mortos
A que o pintor escondeu o podre, mas não deu vida.

Deus fugiu deste quadro,
Tão triste ficou com a vida perdida
Que o pintor nesta tela matou...

Deus fugiu!...




Cris, Fios Ténues de Solidão

sexta-feira, agosto 04, 2006

São disparates... eu sei!


fotografia de Cristina Fidalgo Posted by Picasa

Se soubesses como tenho, tantas vezes, vontade de te pegar no colo, e dizer-te que vou estar sempre por aqui para que nada de mal te aconteça... Rir-te-ias eu sei... Dirias de imediato: " Ó mãe, deixa-te de disparates. Eu já quase nem caibo no teu colo!"
Cabes, filha! Vais caber sempre no meu colo!
Acredita... tenho um regaço do tamanho do mundo... mesmo ao teu tamanho! Um regaço onde haverá sempre espaço para as tuas gargalhadas ou para as tuas lágrimas...
Um regaço que se transformará na noite, para que descanses, ou no dia, para que saibas o sabor do sol...
Porque te digo estas coisas agora, saídas do nada?
Sei lá!... Porque me sentei um pouco nos degraus do tempo e voltei a ti no meu colo... voltei aos dias do teu primeiro sorriso, da tua primeira carícia, do teu primeiro choro sentido, da tua primeira gargalhada a sério, dos teus primeiros passos, dos teus primeiros medos, dos teus primeiros sonhos...
Porque de repente senti medo que o mundo te magoe...
Senti o movimento das horas no crescer dos teus cabelos, nas roupas que não cresciam contigo, na tua vontade de usar os meus sapatos de salto, nas palavras que nasciam dos teus lábios - cada vez mais complexas - no formar das frases cada vez com mais sentido, no desabrochar de temas que faziam nascer nos teus olhos um brilho cada vez maior... Senti, filha!
E de repente dei-me conta que já quase não cabes no meu colo... e fiquei com medo que lhe esquecesses o gosto...
São disparates... eu sei! Mas que queres? Eu sou mãe...
Um beijo do tamanho deste colo....
Cris ( Do fundo do meu arco-íris )

segunda-feira, julho 24, 2006

Retrato de meias-vidas...



Os sonhos boiam nas margens das algas como se alvos anjos de cabelos ao vento...
Enegrecidas, nas vestes e na alma, as mulheres estagnam nas areias, de olhares perdidos nas vagas soltas do mar. Já não esperam vidas, já não esperam sortes... sabem que apenas restos poderão resgatar...
No turbilhão das marés há corpos inertes e inchados, pedaços de vida acabada a meio do que havia para continuar e, nas margens do mundo, há lágrimas e gemidos negros nos rostos de quem não sabe como continuar a amar...
E há olhares despidos de brilho e ombros despidos de braços e lábios despidos de beijos, e, ao longe, no horizonte... nem sequer se vislumbra o luar...
Ficarão, no branco dos areais, os restos das pegadas das mulheres que entregaram metade de si ao mar...

Cris ( Paisagens que não sei pintar)

sábado, junho 24, 2006

Contigo... estava numa experiência religiosa


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De mãos dadas olhámos o céu…

Chorava…

Procurámos no azul a paz q tardava
No nosso peito confundiam-se as lágrimas
com as do céu, frias
E as nossas bocas amordaçadas pelo medo
pediam fervorosamente aos dias
o recobro da madrugada na calmaria de um sol nascente
que nos inundasse de magia

Pediste-me q te ensinasse a rezar
e eu já n sabia que o sorrir também é orar

E chorava…

Encostaste as palmas da tua mão ao meu rosto
e disseste-me saber apenas amar

O céu parou de chorar…

Entrelacei os meu dedos nos teus
Em sinal de prece erguemos ao céu as mãos
e de corpos e almas em comunhão
colámos os lábios para amar

O céu sorriu então…

Amando…fomos nós a oração!

Cris (Transparências)

sexta-feira, maio 26, 2006

habitando(-nos)...


Carved

Da transparência das palavras germina espontaneamente a alma de quem as escreve...

Habito-te

debaixo da minha pele

nela te encontro

porque é nela que estás

ainda

estás no perfume doce

das minhas pálpebras

a cada vez que as descerro

e te encontro

guardo as tuas mãos nas minhas

na força crispada em comunhão

e guardo em mim o momento

em que fomos grito

eu mar

tu vulcão



Cris, De um tempo sem tempo