quinta-feira, dezembro 28, 2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
quando...
terça-feira, outubro 31, 2006
velando...
dormes...
e eu velo esse teu dormir
com a intensidade de quem sente as ondas do mar
no respirar dos teus sonhos
e por sobre os teus lábios nasço em rio
e em vagas de beijos crio marés de ternuras
e enlaço-te-me no restolho dos desejos
que me viajam nas veias
e norteiam as pontas dos meus dedos
agora tímidos e mansos e cansados...
...porque adormecidos nesses teus sonhos.
dormes...
mutilas assim em mim a ânsia
de ser o luar dessa tua noite mágica
em que me deito e descanso...
pudesse esta noite ser eterna
e nela depositar a fugacidade de um beijo
que te dou a cada pedaço de olhar
que os meus olhos te resgatam
pudesse esta noite ser o perpetuar
dos sorrisos que adivinho na leveza dos gestos
com que embalas este meu velar
dos teus sonhos vadios
fosse esta noite a última noite das noites
e eu nem o mais pequeno gesto faria
que agitasse esse teu sorriso ameno
que pressinto no teu rosto...
enquanto dormes...
Cris, reflexos de nós
quarta-feira, outubro 04, 2006
A tempestade e a bonança...
Lá fora o vento uiva
E o alarme de um carro
Ouve-se, desesperado,
Num lamento...
Num simples grito
Da criança
Do apartamento ao lado
Soa o medo
Que vive em segredo,
Mas disfarça numa birra...
Aqui, no meu quarto,
Enrosco-me nas palavras
Que te escrevo,
Enquanto, lá fora,
Se faz sentir o vento...
Lembro os Invernos da infância,
Cheios de noites de lamento
Quando, ao longe,
Além do mar, ouvia o vento
Lutando com as ondas
E o medo, das almas
Que seguiam naquele barco...
Os homens das mulheres
Que em pranto farto
Prometiam caminhar
Por sobre o asfalto
Em troca da chegada
Sã e salva...
E o dia amanhecia calmo...
Os homens estavam a salvo
E na igreja lia-se o salmo
Em que se fala de tempestade
E de bonança...
Na lembrança, apenas o calo
Das mãos que cheias de esperança
Haviam ganho a luta
De um barco
Contra mar e vento...
Na areia jaziam as marcas
Da espera da noite
E do tempo...
É bom lembrar...
O alarme do carro
Continua o seu lamento...
Lá fora ainda o vento...
Mas a criança parou de chorar!
sábado, setembro 30, 2006
Esta é a noite das cascatas consentidas... a noite em que cerro as pálpebras e te consumo o sorriso, guardado simplesmente nas memórias q não deixo que o tempo apague de mim!
Esta é a hora em que me aconchego no que de ti deixaste na minha alma, e me deixo adormecer no relembrar dos tempos em q a tua voz ainda soava nos sussurros brandos da vida e os teus braços ainda eram matéria e sentidos...
Não te pergunto a razão da partida, nem te censuro a desistência de ser... apenas me consome a angústia de não teres esperado que te desse um último beijo, ou te pegasse na mão nesse momento...
Dói-me a tua ausência... e não sei deixar-te partir de mim... Talvez por isso te deixe as minhas lágrimas nas pétalas das flores que te ofereço... São os únicos beijos que ainda te posso dar... os únicos que conseguem atravessar a terra que te serve de manto, e que chegam até ao que resta de ti!
Depois... olho-te naquele reflexo gelado do que eras e onde o teu sorriso permanece eternamente estático, olho o céu ... e sorrio-te! E sei que, onde quer q estejas, sentes o quanto eu sinto a tua falta!
Um beijo, pai!
Cris, in Conversas contigo... depois!
terça-feira, setembro 26, 2006
Deus fugiu!
pi
Há vozes perdidas na noite, que não se encontram.
Vozes que quebram barreiras e ecoam
No pensamento, como se fossem fileiras,
Em guarda ao momento em que os sonhos acordam
E os braços se transformam em reflexos dessas vozes,
Perdendo-se no roçar dos corpos...
Vagueiam os mortos por sobre a mente plana
Da dama de um qualquer quadro de um falso pintor.
Ama, a dama, vazia de amores, arco-íris em chama, mas sem calor...
Cruzam-se as almas no vazio do espaço,
Ocultam sorrisos e vomitam cansaços
Inebriantes de dor e de desânimo...
E consomem odores amargos e adormecidos
De demónios arquejantes e enfurecidos,
Restos de anjos perdidos pela ausência de sorrisos.
É um quadro parado, surrealismo abafado,
Onde as asas balouçam no pêndulo do Tempo
E os corpos desnudos se espalham e escorregam
Na incerteza dos degraus do espaço.
Em seu redor há frutos mortos
A que o pintor escondeu o podre, mas não deu vida.
Deus fugiu deste quadro,
Tão triste ficou com a vida perdida
Que o pintor nesta tela matou...
Deus fugiu!...
Cris, Fios Ténues de Solidão
sexta-feira, agosto 04, 2006
São disparates... eu sei!
fotografia de Cristina Fidalgo
segunda-feira, julho 24, 2006
Retrato de meias-vidas...
Cris ( Paisagens que não sei pintar)
sábado, junho 24, 2006
Contigo... estava numa experiência religiosa
Chorava…
Procurámos no azul a paz q tardava
Pediste-me q te ensinasse a rezar
E chorava…
Encostaste as palmas da tua mão ao meu rosto
O céu parou de chorar…
Entrelacei os meu dedos nos teus
O céu sorriu então…
Amando…fomos nós a oração!
Cris (Transparências)
sexta-feira, maio 26, 2006
habitando(-nos)...
Da transparência das palavras germina espontaneamente a alma de quem as escreve...
Habito-te
debaixo da minha pele
nela te encontro
porque é nela que estás
ainda
estás no perfume doce
das minhas pálpebras
a cada vez que as descerro
e te encontro
guardo as tuas mãos nas minhas
na força crispada em comunhão
e guardo em mim o momento
em que fomos grito
eu mar
tu vulcão
Cris, De um tempo sem tempo