quinta-feira, dezembro 01, 2011

nos intervalos do tempo...

foto: Cristina Fidalgo

às vezes penso que existo nos intervalos do tempo
lá no lugar em que o lamento persiste

sou talvez já só o grito que sufoco
no pouco de mim que por vezes encontro

ou até o fio de vento
que me gela o peito
quando quero tanto fugir daqui

é então que olho para estas mãos
tão cheias do longe e da distância
e sinto as tuas ainda nelas
e o teu sabor a permanência

é assim que sei lembrar o caminhar dos teus lábios
no que de mim se transforma em lava
vermelho intenso dos meus sonhos e do meu ser

e é assim que eu sei, meu amor
encontrar o teu sorrir
no mais pequeno dos entardeceres...


Cris ( Dos meus lábios nasce a noite)

terça-feira, outubro 11, 2011

Quando os silêncios me beijam









sei a cor do silêncio das palavras quando bailam no pêndulo dos dias
sei o segredo do navegar dos medos nos trilhos das ausências
sei o sabor dos braços esquecidos no abraçar dos tormentos
e a voz do vento quando traz novos silêncios... velhos amigos

e por isso abandono nas minhas mãos as palavras
rasgo-as em pedaços e chamo-lhes estranhas
ateio-as... desejo-as chamas
e arremeço-as para o longe onde mora o esquecimento

de nada vale... ou se calhar sou eu q n quero

germinam a cada passo... nascem de mim... crescem cá dentro
e mansamente deitam-se no meu peito em jeito de pétalas brancas
ou talvez somente lágrimas soltas ao vento
mas cheias de vontade de quebrar os silêncios

encolho os ombros... rejeito-as...

mas não resisto...

e rasgo da noite o espaço da penumbra que me agarra
dispo todas as sombras que me afagam
desgarro dos lábios os amargos e os temores
e desarmo-me dos vazios q me abraçam

e elas crescem então soltas.. livres
ganham vida... dão flores...

desamarram-me os silêncios que eu vestira de noite
e falam-me de ti... e contam-me do teu amor

são palavras apenas! mas são minhas...


Cris ( Dos meus lábios nasce a noite)

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Renego-te anjo negro...





Gostava de te dar o braço e conversar contigo baixinho
dizer-te o que penso das tuas frias e vis cruzadas
da forma como te atravessas constantemente no caminho
daqueles que serenamente te evitam as pegadas...

Irrita-te que te olhem de soslaio e te chamem de erva daninha
que te ocultem o nome e te evitem a sombra
que te dediquem sarcasmos e gritem qd te avizinhas
que te votem ao abandono e te larguem na penumbra...

E talvez por isso te arrogues a acreditar que alguns te amam
e procuram os teus braços à laia de descanso
mas não te iludas com sorrisos de esperança dos que não sonham
porque não passas de sombra negra, muito embora te chamem anjo...

Um por um me levas quem eu amo
um por um me deixas na saudade
mas nem por um segundo penses q algum dia te chamo
ou perco desta vida a minha vontade!

As lágrimas que me ofereces quando vens
uso-as para delas extrair flores de pétalas amarelas
e se pudesses olhar o mar com a ternura q n tens
verias nos meus olhos quando passas

um mar pleno de azul e caravelas...


Ao meu tio...


Cris

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Pergunta-me...

foto: Cristina Fidalgo







Pergunta-me das vozes dos sonhos loucos
Das pétalas de gemidos roucos soltos no vento
E da tua pele orvalhada pelo amanhecer da ternura

Pergunta-me do sal da areia da praia
Da espuma branca das ondas do mar
E dos restos de luar nas pontas dos meus dedos

Pergunta-me do aroma do café nos pedaços das gargalhadas
Das aventuras das mãos geladas nos trilhos da vontade
E da serenidade das costas suadas em sinal de fim

Pergunta-me do sabor da canela no segredo dos beijos
Dos desejos escondidos nas frestas da pele
E do mel dos silêncios guardados no cansaço dos olhos

Pergunta-me, meu amor, se achas preciso
Que eu lembro ainda o local que soubeste perfeito
Para guardar estes momentos chamados tesouros:

Estão todos no canto dos meus lábios
Lá onde mora o meu sorriso…


Cris, Do Silêncio e da Pele

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Permanência...

Foto: Cristina Fidalgo


Permanência...
O gosto a sal que ficou de tua pele
No céu da minha boca...

Gosto de estradas sem fim,
Mares sem algas
E meu corpo fora de mim...

No teu...

Num fim de tarde pleno de doces fragrâncias...


Cris (Sonhos em Tempos de Lua)