domingo, dezembro 12, 2004

Nada mais...

Preciso chorar no teu colo, ainda que acocorada fique a teu lado sem dizer nada... basta-me um gesto que desfaça o vazio que hoje se instalou no meu peito... basta-me o momento de um sorriso, e mais não pedirei...
Talvez me vejas chorar apenas uma lágrima, mas só no teu colo a conseguirei desamarrar de mim...

guarda o meu sorriso no teu colo... virei buscá-lo mais tarde...



Cris (Desabafos em tons de cinza)

domingo, novembro 21, 2004

Quando o mar foi mais azul...

E, porque foi de mãos dadas q olhámos juntos o mar, ele foi mais azul e foi mais mar. Talvez por isso nos tenha oferecido cachos de sol que nos tornaram as íris mais brilhantes e a pele mais macia... Foi ele, assim dormente, que nos humedeceu os lábios e nos enterneceu o entrelaçar dos dedos...

Deslizei, pois, nos contornos doces dos teus lábios e, sem q tu soubesses, despojei-me de todas as vestes para que me sentisses apenas na saliva que nos fundiu as almas. E a cada vez que esqueci os olhos cerrados viajei nos trilhos do teu corpo, no macio da tua pele serena e na ternura da tua voz...

E enquanto foste o meu regaço, eu soube sempre que ao nosso lado, magicamente calmo, estava o mar, sussurrando baixinho que o seu silêncio era o eco de um sorriso divino...

chiuuuuuuuuuuuu...

terça-feira, novembro 16, 2004

guardadas...as minhas mãos...

Sentada nos braços escuros da noite, sinto sede da lua... e sinto sede de ti...
Não sei porque não consigo esquecer o cheiro do mar se não são de algas as vestes que me cobrem o corpo nem de corais as íris que me trazem a tua imagem...
Vagueio para além do espaço que sufoca a extensão das mãos agora completamente ausentes de mim...
Guardaste as minhas mãos no teu rosto que não alcanço... guardaste-as nas tuas e, é por isso que é a minha alma que te escreve e não as minhas mãos...
Mantém as minhas mãos assim guardadas nas tuas... não mas restituas porque eu nunca mais quero escrever-te com elas.
É muito mais fácil escrever-te com a minha alma porque as mãos nunca escrevem completamente o verbo amar...

Um beijo
Cris (Sussurros fora do tempo...)

sexta-feira, novembro 05, 2004

Na eternidade de um momento...

Abraça-me... faz de mim um prolongar do teu próprio corpo. Abraça-me esta noite em que chegam até mim os ecos dessas lágrimas que te alongam o olhar e te salgam a língua. Deixa-me beber de ti essa mágoa de que me culpo a cada instante...
Deixa-me embalar-te, meu amor, e invadir a hora dos teus sonhos, como se fosse um espaço meu. Não descerres as pálpebras... quero entrar devagarinho no teu mundo, tão devagarinho que mais não pareça que um leve encostar da minha cabeça nos teus ombros.
E este abraço que te peço, gostava que fosse ao ritmo do mover das penas nas brisas quentes de um entardecer ameno, com cheiro de ervas rasteiras e juncais... e com sol, muito sol, mas já naquele tom alaranjado e nostálgico que se prende nas íris de quem o sorve de braços e olhares entrelaçados. Era assim que eu queria que que a tua pele tocasse a minha, pelo meio dos teus braços nas minhas costas e do meu pescoço nas tuas mãos... e ao som daquela força que os corpos sussurram baixinho quando se desejam... E também era assim que eu queria depois deixar que o meu corpo deslizasse para o teu colo, antevendo o acordar da lua num leito de água doce, bordado de sons de palmeiras ao ritmo dos primeiros frescos da noite e de pequenos rumores de ondas em embrião...E sentada no teu colo, no momento mais perfeito deste abraço, bordaria a saliva no teu ouvido o sussurro "queria que este momento fosse eterno..."
E sabes, amor, quando a lua, já cansada, adormecesse, o amanhecer encontar-nos-ia numa qualquer margem de um rio, adormecidos... mas abraçados.Bastava sabermos parar o tempo ...
Cris

terça-feira, novembro 02, 2004

Nas asas de um beijo...

Continuámos de mãos dadas ao longo de um espaço que apenas nós sentimos... parte de um canto da vida que apenas mãos dadas podem alcançar. É lá nesses momentos de vida sem chão que dançam as palavras que nos escorregam, líquidas, dos lábios ,em forma de beijos e sorrisos cúmplices...
Ao sentir o calor do teu olhar, deixa de me importar o quando, pois que sei q há olhares que resgatam braços que se prolongam para além do tempo e que há sentires que não se confinam aos espaços.
Hoje, nesta noite tão escura, tenho ao longe, por companhia, a música divina de uma família cigana. E, porque chove, a melodia torna-se ainda mais cristalina e as vozes mais brilhantes. O céu parece abrir-se em regaços às cornucópias dos sons e, os corpos, sinto-os como se desenhassem suaves piruetas de anjos em ascenção...
Permaneço pois de olhos postos no éter, sabendo aproximarem-se os contornos de um sonho de roçar de ventres que o crescente fortalecer destas mãos dadas traduz num simples sorriso amarrado ao cheiro do mar... e adormeço nas asas de um beijo!

segunda-feira, novembro 01, 2004

Abandono-me neste encanto...

Vai já alta a noite e as palavras tentam enroscar-se no embalo do universo dos sonos, mas obrigam-me os dedos a despertá-las para que possa, eu, viajar nelas um pouco. Não sei exactamente até onde me levarão neste momento, por isso deixo que corram livremente ao sabor do pensamento.
Sei que encontraste o meu sorriso no seguir terno e lento dos trilhos das estrelas do mar, como sei que depositaste ao seu lado os teus lábios, em gesto igual. E sei, também, que é assim que as searas se cobrem de girassóis gigantes e de arco-íris que trespassam nuvens de algodão doce.
Sento-me um pouco, olhando o brilhar das areias, sob o luar, e encontro as pegadas dos teus pés que, entretanto, descalçaste também. E, sabes?... descobri que os teus passos e os meus se entrelaçaram à semelhança de um crispar de dedos na hora da entrega de dois olhares em fusão.
E porque há encantos que não se confinam aos limites do que é razão, vou abandonar-me a esta noite de luares mágicos, encostando suavemente a minha cabeça no teu peito e adormecer no doce sentir de um beijo teu...
Cris (Sussurros fora do tempo)

domingo, outubro 31, 2004

Deixei-te um sorriso junto às estrelas do mar...

Acompanha-me a noite neste prolongar de mim, para além de qualquer rumo ou de qualquer maré...
E desnudos continuam os meus pés para que os caminhos que percorro se me entranhem na pele e em mim permaneçam para além destes momentos sem horas, sem passados, sem histórias...
Ao olhar a areia molhada sei que um pouco de mim permanecerá em cada vestígio dos meus pés descalços e se prolongará em cada amanhecer, renascendo assim no regaço do teu olhar doce. E a cada passo que dou, nas baínhas rendadas do mar, vou deixando estrelas a assinalar o caminho, como quem semeia um campo de sorrisos.

E eu ouço o mar ao fundo... ele traz-me do longe pedaços de sonhos completamente moldados ao espaço dos teus braços, asas vestidas de ternura branca como a espuma das ondas quando beijam as areias. E traz-me sussurros em que me segreda que a beleza rara dos horizontes é real e que é nas breves partilhas de silêncios que as distâncias se dissipam melodiosamente.

Contou-me, uma vez, este guerreiro das marés, que as distâncias não existem quando aprendemos a viajar no éter, prolongando-nos para além do que sentimos. Para tanto basta cerrarmos as pálpebras docemente, rasgarmo-nos de nós próprios e deixar germinar no peito as asas da nossa alma. Depois, numa entrega plena ao que de nós é pensamento, saberemos prosseguir num voo sem limites e sem barreiras impostas pelo tempo ou pelo espaço.
Acabou por me contar, em segredo, que é assim possível saber o aroma de um beijo... e eu acreditei!

E nunca mais cobri os meus pés.
Quedo-me, pois, também eu, em silêncio... e devagarinho abro-te os meus lábios num sorriso que deposito suavemente na beira das ondas, junto às estrelas do mar...


Cris ( Sussurros fora do tempo)

sábado, outubro 30, 2004

Somos cúmplices!

Sou tua cúmplice, esta noite... vagueio nos restos do vazio que se instala por baixo dos poros da minha pele. Suborno as minhas veias para que os rios de sangue não parem de correr em direcção a um mar que já não tem sal. Oculto de mim própria as mãos que são minhas para que não fujam de mim em busca da tua ausência. Corro desenfreada atrás dos dedos que se desgarraram delas e vagueiam no subconsciente da tua cútis, completamente abandonados na tez dos teus sonhos... Procuro os sorrisos que rasgaste das minhas entranhas e escondeste atrás das íris que me ocultas nas gargalhadas do querer...
Rasga esse véu que te oculta as carícias e alonga esses braços para além da dor...
Desculpa se quero adormecer num beijo de amor... mas hoje sou tua cúmplice!
Cris (Sussurros fora do tempo)

sexta-feira, outubro 29, 2004

O Segredo

Olá, meu amor ,
Imagina que, hoje, me apeteceu escrever-te, sentindo as saudades que se sentem aos quinze anos, quando o mundo parece acabar se nos tirarem cinco minutos ao amor... É engraçado, como o tempo nos transforma e nos ensina que a vida é tão diferente dos nossos sonhos de adolescentes, e, mesmo assim, nos polvilha os lábios de sorrisos que nos adoçam os momentos em que nos misturamos num abraço que ultrapassa todas as linhas do horizonte da ternura e nos faz transpirar amor por cada pedaço do que somos! Não tenho saudades das pressas mirabulantes dos quinze anos... prefiro amar-te com a certeza de que cada momento é o mais importante das nossas vidas, e saber-te em mim mesmo quando a ausência toma o lugar dos nossos regaços... gosto de recordar-te nas voltas soltas do fumo de um cigarro que se eleva suavemente no éter e se dissolve na pureza do ar, deixando-me nas narinas o perfume da saudade... Amo-te sem pressas e, sei agora, ser esse o segredo que me faz gostar de sentir o aroma da maresia ao largo das dunas e o prazer do abraço de uma brisa quente nos ombros nus, ou a doçura do cheiro das camarinhas nos beijos que me apetecem quando não estás... é esse o segredo que me ensina a ouvir o teu amor debaixo das copas dos pinheiros ou nas margens de um qualquer rio que corra calmamente para o mar! É por isso que não tenho saudades do tempo em que o amor sabia a pressa, com medo de acabar. Hoje sei que não acaba porque nada pode tirar de mim o que já vivi e o que já senti... e assim aprendi a amar-te sem pressas...
Cris (Do jardim da minha alma)

quarta-feira, outubro 27, 2004

Eu prometo que não faço barulho...

Eu prometo que não faço barulho, que não choro alto e que sequer movo os braços para secar as lágrimas... Deixa-me apenas sentar aqui um pouco ao pé de ti e olhar a lua com a cabeça no teu ombro...Aqui, sei que ninguém terá medo de me deixar pousar a saudade e as lembranças no seu ombro... Aqui sei que haverá uma mão estendida e um sorriso verdadeiro... Aqui sei que o espaço é eterno e que as flores não abrem apenas se viradas para o sol...MAs eu prometo que não faço barulho, que não acordo as cigarras sequer, porque apenas apenas quero ouvir o cantar do mar...O chão está tão fresco... O ar tão calma... E eu sei que se estender as minhas mãos encontro as tuas à minha espera...Apetece-me, hoje, que as tuas mãos se prolonguem num abraço em que eu caiba inteirinha e me sinta tão pequenina que não consiga aperceber-me que há sítios tão diferentes deste. Posso? Dás-me os teus braços? Dás-me um pouco de ti?Eu prometo que não faço barulho... Sussurro-te apenas o sal do mar e saberás logo que apenas quero um beijo temperado de algas e, na tua pele, o aroma das areias e das ervas bravias das dunas... ou o sabor doce das camarinhas...E neste chão de erva fresca saberei nos teus olhos a transparência dos teus sonhos e escutarei o silêncio dos teus passos brancos, de anjo, a caminhar no adentrar do meu corpo e no invadir da minha alma... Secam-se-me as gotas de orvalho que se formaram nos meus olhos... Secam-nas as palavras que me dizes e a esperança que lhes encontro...Empresta-me um pouco o teu peito... Quero ouvir as batidas que me dão vida!Crispa os teus dedos na erva suada... Abafa nos meus lábios os murmúrios e os segredos... Dá-me um beijo!
Cris (Dos meus lábios nasce a noite)