quarta-feira, dezembro 24, 2008

Nesta manhã em que quero o Natal...





Acorda comigo nesta manhã em que quero o Natal
Ajuda-me a espreguiçar e a sentir os primeiros raios de sol
Sorri para mim no mesmo sorriso que te dou e que é igual
A todos os sorrisos que tomam o olhar por farol
E se misturam nas ternuras e carícias do amanhecer...


Vamos estender os nossos corpos para além da cama
Pisar o chão macio num contorno do que está para além de nós.
Podemos ser as luzes cintilantes da árvore, símbolo de quem ama
E darmo-nos os presentes divinos que ecoam para além da voz
E nos fazem, de vida e de amor, estremecer...


Abandona-te comigo num abraço para além do espaço e do tempo
Um abraço para esquecer murmúrios e lamentos
Daqueles em que os braços são só pele e mãos e desejo
E o coração num instante abarque o mundo
Para nos darmos de presente o presente mais profundo:
Um acordar pleno de nós... cobertos de beijos!

Cris (Tranparências)


terça-feira, novembro 18, 2008

Porquê?...

Fot: Cristina Fidalgo


Porque me encontra a noite tão perdida em mim
aninhada num canto do chão da minha alma
e da minha mão escondendo a palma
para me esquecer de recordar as linhas
escritas um dia com ramos de alecrim?

Porque resisto em escutar o amadurecimento das estrelas
quando sei que o seu brilho é guarida
e perdida a minha saudade precisa de se aconchegar nelas?

Porquê esta chama a gritar-me na pele
os ecos da tua voz e dos teus olhos
como se desgarrada da noite escura e inerte
a lua se deslaçasse em lágrimas e sonhos?

Porquê o sentir da loucura nas pontas dos meus dedos
e a agrura dum céu aberto e nu de azul
na orla de um pecado onde apenas o medo
me fez pensar q o cometi?

Porque... sonhando, olhei os restos do fim do dia
e perdi-me nos contornos das cores que escorriam de mim
aconcheguei-me nelas e sem querer
adormeci...




Ensina-me




Ensina-me
a permanecer no azul das águas
no sabor do sol
e no avesso das mágoas

eternamente...


Cris (Ecos)

quinta-feira, outubro 16, 2008

incógnita...




os dedos crispados na inquietude do tempo

espera que serpenteia no desespero da terra


veios desordenados de sopros e lamentos

pensamentos obtusos do inferno que os cerca


submersa a vontade fera

de quem espera

e tem por certeza

o incerto da verdade

e as paredes do pensamento


insonoro o pulsar mecânico do mundo

nas veias de um pensar que gera o pânico


inodoro o sentir do germinar do sonho

nas correntes do gargalhar profundo

de quem descobre o simples e velho dito

de que nada nesta vida é infinito


apenas um caminhar para parte incerta...


Cris (Ecos...)

segunda-feira, setembro 22, 2008

Beijos para ti!







Há beijos que são fios de prata


como estes que escorrem dos meus olhos


quando em momentos de saudade


olho as estrelas e lhes peço que sejam os meus lábios


e te beijem por mim




Lá do alto, onde moram


sorriem-me serenamente


e dizem-me que os beijos que os meus olhos choram


lhes chegam ao regaço e num repente


tos devolvem suavemente




assim...


como se entregues por mim




Há beijos que se vestem de flores


e servem de véu e manto


ao colo que me ensinou a ternura e o amor


e que agora me ensina a viver esta saudade


que não tem fim




São beijos perfumados de lágrimas e sorrisos


beijos que não têm lábios...




Mas são todos para ti!






Cris ( Conversas contigo... depois!)

domingo, agosto 10, 2008

Prometi-te as minhas mãos nas tuas...

E prometo-te as minhas mãos nas tuas... e os meus beijos sem lágrimas enquanto o teu corpo for permanência... e a tua voz um leve respirar!...

Prometi-te as minhas mãos nas tuas, mãe
e os meus beijos sem lágrimas
enquanto o teu corpo fosse permanência
e a tua voz um leve respirar

E tu soubeste dizer-me adeus tão de mansinho
e adormecer de uma forma tão serena
como um sol que ao fim do dia se deita aos poucos... muito devagarinho
acabando por esmorecer nos braços do mar

Agora que o teu corpo já se chama ausência
não me peças beijos sem lágrimas
porque eu não tos consigo dar
mas prometo-te que mesmo com o coração a doer
vou sempre saber olhar o céu e sorrir
como forma de te abraçar

um beijo, mãe
até sempre




sexta-feira, julho 18, 2008

No adormecer dos teus dias...





Há no adormecer dos teus dias um sussurro mágico, que vai além do encantamento, que me inebria e mantém inerte, ao sabor da vontade das íris extasiadas...
Olho-te para lá da distância e do recorte da solidão q transpiras... e respiro-te. Emprenho de ti o sal da vida e o ondular dos dias. Empresto-te as palavras para q possas vestir o voo das gaivotas de poesia e, em troca, ofereces-me a beleza dos flamingos em bando, rosando assim os meus sonhos , agora plenos de bailados graciosos e tranquilos.
Não me canso de te olhar no adormecer dos dias. De te olhar e de te sorrir...

Sabes-me a restos de infância e ao desabrochar dos sentidos... em ti deposito as pétalas de malmequeres desfolhados no seio da ânsia de viver , as lágrimas cristalizadas de mel desperdiçado em desgostos gaiatos e agora tão distantes, e aqueles sorrisos que transbordavam do peito nas horas das fogueiras a crepitar por trás dos acordes de uma qualquer guitarra perdida nos braços da lua...

Sonho-te ainda no adormecer dos dias, embalada pelo som dos beijos com sabor a fim do mar e a camarinhas... e sei-te minha cúmplice no relembrar dos pés descalços, gravados ao correr das tuas margens...

Olhar-te em silêncio no fundo dos meus versos é saber-te permanência naquele pedaço de alma que escolhi para guardar em mim a magia do adormecer dos dias no teu regaço, berço da lua...


Cris (Paisagens q não sei pintar)

sábado, julho 12, 2008

amanhecer...





Das tuas mãos nascem madrugadas
de sonhos, e sementes de alvoradas

Há marés de vontade nos teus olhos
e na tua língua o jejum de um dia santo
que conhece seu quebranto
no mais profundo de mim

Ahhh... e há sinais de sorrisos
nas pregas da tua pele
mel q em ti deposito assim
ao roçar de leve os teus lábios...


Cris (Dos meus lábios nasce a noite)

quinta-feira, julho 03, 2008

Kids...





Filhos do silêncio e da amargura
da loucura, do desprezo e da ignorância
tantas vezes frutos amargos
da inocência e da aventura

Pedaços de lama vestidos de vergonha
caras lavadas somente nas lágrimas
de uma mão estendida e esfomeada
que não se atreve a tocar ninguém
como se fora doença ou peçonha
que se escuda do insulto e do desdém

Olhares vivos e ferventes
disfarçados de cansaços e de ausências
sorrisos ricos mas mendigos
de um pingo de leite ou de simples pena
carícia em tons de pão onde o sonho é a manteiga
e o "LÓ" seria o paraíso

Filhos de ninguém e nem do mundo
para quem o cartão se chama leito
e no peito guardam o q têm de mais seu e mais perfeito
um pedaço de músculo que alguém lhes deu
e que luta sem salário e sem refreios
pelo nome que teima em não perder
pois que lho deram de graça: "coração"
e não a "pedra" com que se começa a parecer

Se estes filhos tivessem mães e regaços
em vez de pedras de chão por abraços
Saberiam talvez ainda assim a cor da fome
mas saberiam sempre que eram gente
em vez de ratos...


Cris ( Ecos...)

sexta-feira, junho 20, 2008

assim...





Da transparência das palavras germina espontaneamente a alma de quem as escreve...


deixa-te levar, amor
ao sabor da vontade
do vento nos meus ombros nus
e do desejo dos teus dedos

deixa-te levar, amor
pela sede da minha pele
e descobre nela os segredos
q só tu sabes encontrar

deixa-te ficar, amor
assim como quem descansa

deixa-te estar, amor
em mim...

Cris , do silêncio e da pele

domingo, maio 25, 2008

Contigo... estava numa experiência religiosa





De mãos dadas olhámos o céu…

Chorava…

Procurámos no azul a paz q tardava
No nosso peito confundiam-se as lágrimas
Com as do céu, frias
E as nossas bocas amordaçadas pelo medo
Pediam fervorosamente aos dias
O recobro da madrugada na calmaria de um sol nascente
Que nos inundasse de magia

Pediste-me q te ensinasse a rezar
E eu já n sabia que o sorrir também é orar

E chorava…

Encostaste as palmas da tua mão ao meu rosto
E disseste-me saber apenas amar

O céu parou de chorar…

Entrelacei os meu dedos nos teus
Em sinal de prece erguemos ao céu as mãos
E de corpos e almas em comunhão
Colámos os lábios para amar

O céu sorriu então…

Amando…fomos nós a oração!


Cris (Transparências)



domingo, março 16, 2008

No entrelaçar das almas...

Fot. de Cristina Fidalgo





vem cá...
dancemos encostados
numa mistura de cheiros doces
apetece-me o cheiro da tua pele

não sei se danço se voo...

sinto os movimentos lentos do teu corpo
e os teus braços num apertar suave

enrosco-me no teu abraço

mandei-te o recado das saudades
porque me fazias falta

sinto a proximidade dos teus lábios
e descanso a cabeça no teu ombro
enquanto a música me escorre pela pele

e beijo-te as pálpebras na ternura das palavras
que não digo
mas que adivinhas

depois deslizo e aninho-me no teu pescoço
na espera do falar das pontas dos teus dedos
que me dizem que me sentes... e eu sinto-te...

sabes-me a mel
e a cerejas trincadas na ponta dos nossos lábios
colados...
sinto-lhes o sabor
sinto a frescura do suco do voo da tua alma em mim
no sorriso que me vem de ti

e o ar em meu redor passa a ser a tua pele
e a luz que me chega do candeeiro o teu odor
e a saliva que revolvo sem destino
o poema onde te chamo amor...

e caminho na tua pele
no vagar de quem sente a saliva no escorrer dos lábios
que te amam as palavras e os beijos
e inspiro
como se o som das palavras que não dizes fossem o meu respirar

respira-me também
por momentos
e ouvir-me-ás chamar-te amor
e cada momento de silêncio
é o toque mais doce que alguma vez senti...

e é magia ...
porque sou em ti e estou contigo...
porque em ti tenho espaço e chão
e sinto no coração o correr de um rio sem sobressaltos e sem marés
porque te amo numa paz que me semeia na alma o sorrir que te quero dar...
porque somos um poema a dois
num ritmo cadenciado e num respirar de sílabas
que se cruzam numa rima branca que nos leva à melodia
e nos deixa dançar livremente...

dá-me esse beijo!

e a distância desapareceu
porque não tinha mais espaço entre nós...
e mergulho em ti em cada uma das gotas que bebes de mim...
dissolvo-me na essência que te percorre o corpo
e na cadência do nascer das estrelas
nesta madrugada em que conseguimos o entrelaçar das almas

e não quero voltar a ser só!


Cris (Sem Distância)