segunda-feira, julho 24, 2006

Retrato de meias-vidas...



Os sonhos boiam nas margens das algas como se alvos anjos de cabelos ao vento...
Enegrecidas, nas vestes e na alma, as mulheres estagnam nas areias, de olhares perdidos nas vagas soltas do mar. Já não esperam vidas, já não esperam sortes... sabem que apenas restos poderão resgatar...
No turbilhão das marés há corpos inertes e inchados, pedaços de vida acabada a meio do que havia para continuar e, nas margens do mundo, há lágrimas e gemidos negros nos rostos de quem não sabe como continuar a amar...
E há olhares despidos de brilho e ombros despidos de braços e lábios despidos de beijos, e, ao longe, no horizonte... nem sequer se vislumbra o luar...
Ficarão, no branco dos areais, os restos das pegadas das mulheres que entregaram metade de si ao mar...

Cris ( Paisagens que não sei pintar)