terça-feira, agosto 06, 2013

Fala-me de tempo...

                                            Foto: Cristina Fidalgo


Fala-me do tempo, meu amor
Em que moras e eu existo
Do tempo em que a noite chega despida
De vendas, espaços ou carrascos
E de onde como se fora o alto de um penhasco
Nos atiramos de mãos dadas
Para o regaço da vida

Fala-me do tempo, meu amor
Em que mesmo sem tempo
Me sabes de cor e atravessas
Em passos de mágica as linhas
Do que sou e só tu conheces
Do tempo em que sem pressas
Me vestes de gestos teus
E me afagas em hálitos húmidos
de branda maresia

Fala-me do tempo, meu amor
Em que nos esperamos
No fim dos dias já passados
E cansados conseguimos lembrar
Os sorrisos adiados de nós
Por falta de tempo
E arrancamos do fundo do peito
O lugar onde guardamos os sussurros
Já bolorentos da nossa voz
E os deixamos renascer do esquecimento

Fala-me de tempo, meu amor
Porque ainda é tempo
De esquecer que o tempo existe
E inventar um lugar dentro do beijo
Que nunca deixámos de nos dar
Onde o tempo só tenha espaço
E só tenha tempo para nos sabermos sonhar

Falo-te de tempo, meu amor
Do único tempo de que sei falar…

Cris (Ecos)

3 comentários:

DaSilvaJF disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DaSilvaJF disse...

O tempo ... recuso de o ouvir de lhe dar atenção para sem o tempo, ler as tuas frases outra vez e outra vez.
Beijinho e um sorriso.

Cris disse...

Obrigada pelos sorrisos tão doces que me deixas sempre e, principalmente, pela serenidade com que os deixas... transformam-se sempre em sorrisos meus também... :) Beijo